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Se questionados sobre os motivos de cometerem tais atrocidades – e se ainda consideram isso um mandamento divino – seus integrantes responderiam que estão obedecendo um erudita muçulmano e as ordens divinas reveladas através dele. A crença de que as ordens de tal detentor do conhecimento equivalem aos comandos de Deus faz com que, cegamente, eles obedeçam a qualquer comando para agradar a Deus. Mas não seria isso exatamente o contrário do que prega a mais básica mensagem do Islã – de obedecer somente a Deus e a mais ninguém? Como a mais clara mensagem do Islã chegou a esta óbvia contradição?
No artigo “Acreditar X Confiar”, nós apontamos que, da mesma maneira que ocorre em outras religiões modernas, compreender o Islã e acreditar em Deus tem sido interpretado como confiar num pacote religioso pregado por um acadêmico religioso local, e que tal interpretação tem como origem o a crença de que o Hadith é o pilar da fé muçulmana. Mas o Islã moderno, misturado ao conjunto de leis e lendas do Hadith, se tornou tão complicado que deixa o fiel sem solução a não ser buscar orientação em peritos no Hadith (ou eruditas) sobre “o que diz o Islã”. Esta obediência cega cede espaço ao extremismo: se o detentor do saber for um extremista, seus seguidores terão grandes chances de também serem.
No artigo “Islã sem Hadith”, são listados os prós e contras da existência do Hadith na prárica islâmica. O autor demonstra que, com a eliminação do Hadith, não são excluídos os valores básicos islâmicos, e que esta exclusão ainda proporciona a chance da redescoberta do Islã Simples – religião que proporciona direcionamento sensato e façanhas prodigiosas. No Islã Simples, livre das complexidades do Hadith, não há lugar para eruditas instruírem fiéis cegamente para que cometam crimes inacreditáveis. No artigo “Escopo”, revisitamos alguns dos controversos tópicos do Corão (como escravidão e direitos das mulheres) e observa um Corão diferente do qual os eruditas vêm pregando por anos.
Tradução por: Eduardo Santaela
@edubongo